Tratamento de Superfície

A meu ver, é neste ponto que começa a pintura industrial propriamente dita. Se a pintura é de manutenção, teremos um tratamento, se o aço for novo e houver a presença de carepa de laminação o tratamento deverá ser outro.

Quando o tratamento de superfície for realizado em peças, equipamentos, estruturas,... que já apresentem pintura, chamaremos este serviço de manutenção, e teremos como objetivo a retirada de corrosão, carepas de tintas sem aderência e /ou que apresentem danos ou defeitos.

Quando o tratamento de superfície for realizado em aço novo, teremos como premissa a retirada de toda a carepa de laminação existente sobre o metal; bem como a formação de uma superfície com perfil de ancoragem suficientemente capaz de promover a aderência necessária ao filme de tinta que será depositado sobre a mesma.

Enfim, diversos são os objetivos de um tratamento de superfície e muitas são as opções de executá-los.

A seguir, especificaremos alguns dos métodos de tratamento de superfície mais utilizados no universo da pintura industrial; porém, não necessariamente os únicos a serem executados.


1. Tratamento manual
2. Tratamento mecânico
3. Jateamento abrasivo
4. Hidrojateamento
5. Esponja abrasiva – “Esponge-Jet”


- Tratamento manual:

Compreendido pelo emprego manual de escovas, espátulas, lixas, martelos, raspadores, picadores, outras ferramentas manuais de impacto, ou a combinação das ferramentas citadas. É exigida a remoção da carepa, óxidos, ferrugem e tinta antiga soltas, bem como outros contaminantes prejudiciais. Não se espera, porém que toda a carepa, óxido, ferrugem e tinta antiga sejam removidas por este processo. É aceitável a permanência de oxidação ou pintura firmemente aderida (conforme norma Petrobras N-6). Este tipo de tratamento é consideravelmente menos produtivo que os demais, porém, de valiosa importância em determinadas circunstâncias.


- Tratamento mecânico:

Método de tratamento que compreende o emprego de ferramentas elétricas ou pneumáticas, escovas de copo rotativo, lixadeiras ou esmerilhadeiras rotativas, pistoletes de agulha ou outras ferramentas de impacto ou rotativas ou a combinação de ambas. É exigida a remoção de placas de ferrugem, ferrugem e tinta antiga soltas, bem como outros contaminantes prejudiciais à pintura. Não se espera, porém que toda carepa, óxidos, ferrugem e tinta antiga sejam removidas por este processo. É aceitável a permanência de oxidação ou pintura firmemente aderida (conforme norma Petrobras N-6).


- Jateamento Abrasivo:

Método de preparação de superfícies de aço para pintura, pelo emprego de granalha de aço, óxido de alumínio sinterizado ou outros abrasivos, impelidos por meio de ar comprimido ou através de força centrífuga (conforme norma Petrobras N-9).
No primeiro caso, o abrasivo é lançado através de uma pistola (de jateamento), e no segundo, peças menores são dispostas no interior de equipamento adequado.
O manuseio de metais recém jateados deve ser feito com muito cuidado e planejamento.
Em hipótese alguma admite-se o manuseio das peças, estruturas ou equipamentos recém jateados com as mãos nuas. O uso de luvas limpas é obrigatório, bem como cintas e quaisquer outros materiais que entrarem em contato com a superfície jateada.
Vale mencionar, que este processo de tratamento de superfície de aço, alcança sem qualquer sombra de dúvidas os melhores resultados, se comparados a outros tratamentos existentes, além de que é o único recomendado para a retirada da carepa de laminação no caso dos aços novos. Seu grau de limpeza é superior aos demais e sua capacidade de abrir um perfil de rugosidade deixa-nos muito menos apreensivos na questão da aderência do filme a ser aplicado, pois o mesmo encontrará uma superfície com capacidade de ancoragem de qualidade superior.


- Hidrojateamento:

Método de preparação de superfícies de aço para pintura pelo emprego de água sob alta pressão [70 MPa a 170 MPa (10 000 psi a 25 000 psi)] ou ultra alta pressão [acima de 172 MPa (25 000 psi)]. Este processo não abre perfil de ancoragem (conforme norma Petrobras N-9).
Entende-se por perfil de ancoragem, a aderência mecânica de uma película à superfície, através de irregularidades obtidas sobre a superfície.
É hoje o tratamento de superfície mais utilizado em ambientes industriais. A produção diária de um único bico de hidrojato poderia ser comparado a produção de 20 homens efetuando tratamento mecânico ou 3 jatistas efetuando jateamento seco ao padrão Sa 2 ½.
Infelizmente, a característica de formar o “FLASH RUST”, uma oxidação instantânea que ocorre em toda superfície hidrojateada, deixa-me muito apreensivo quanto à qualidade deste processo.
As tintas elaboradas exclusivamente para este tipo de tratamento são tolerantes à superfícies molhadas, em nenhum momento deve-se entender que as mesmas possuam a capacidade de estinguir ou mesmo inibir a oxidação (FLASH RUST) ocasionada pelo hidrojateamento.
E lamentavelmente tenho presenciado a liberação de áreas recém hidrojateadas com intensa presença de flash rust, áreas estas que deveriam sofrer um repasse de hidrojato antes de receberem a primeira camada (fundo) de tinta do esquema escolhido.


-Esponja abrasiva – “Esponge-Jet”

É uma derivação do jateamento abrasivo seco, todavia, haverá a presença de “pedaços” de esponja que funcionarão como veículo para o abrasivo utilizado. Neste caso, a esponja estará impregnada com granalha de aço, óxido de alumínio sinterizado ou outros.
É indicada para áreas onde não seja viável o jateamento abrasivo, como áreas industriais e plataformas, que poderiam ter uma grande área de contaminação, ocasionada pelos abrasivos que após serem expelidos, “ricocheteariam” e lançar-se-iam em muitas direções obstruindo máquinas e equipamentos.
No caso do Esponge-Jet, a presença da esponja amenizaria o efeito “ricochete”, tornando o acúmulo do abrasivo mais próximo ao local do jateamento, facilitando inclusive seu recolhimento, reaproveitamento e organização da área.
Percebe-se nitidamente que a pintura industrial tem como objetivo maior, a prevenção do processo corrosivo, bem como o seu tratamento e/ou eliminação, quando já existente; e a melhor forma de combater este mal é estudando-o, conhecendo-o melhor e aplicando verdadeiramente as etapas definidas.